quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Para ti, tótó

Ontem, ao ler O Público, deparei-me com um texto de Alexandra Teté, da Associação Mulheres em Acção. Entre outras barbaridades, a senhora Tótó diz coisas como:
1-“ a função do direito não é dar cobertura jurídica a todas as relações afectivas, mas só àquelas que são socialmente relevantes. E só a relação homem-mulher está nos alicerces da sociedade”
2- “qualquer pessoa pode casar, independentemente da sua orientação sexual”
3-“a homossexualidade parece-me uma contradição antropológica, moral e psicologicamente destrutiva”
4-“não devemos estar dispostos a aceitar que uma minoria de representatividade duvidosa imponha a toda a sociedade as suas convicções”
5-“o casamento é uma instituição reconhecida pela sociedade como fundamental por ser o lugar natural da geração”

Depois disto, digo: senhora Tótó, tenha vergonha. Sabia que havia mulheres em acção mas pensei que se dedicassem a coisas bem mais importantes, como os direitos da mulheres e assim.

1- A função do direito é promover a igualdade de todos os cidadãos e regular a vida em sociedade, entre outras coisas. Ora, vivendo numa sociedade dinâmica como a nossa, o direito deve evoluir de modo a proteger e defender o melhor que pode todos os cidadãos da sociedade em causa. Se assim não fosse, ainda hoje a senhora Tótó não poderia votar de modo algum, sair do país ou “dar um peido” sem o consentimento do senhor seu marido.

2- Qualquer pessoa pode casar. Pois é. Mas quando alguém quer casar, em regra, quer fazê-lo com a pessoa de quem gosta. Se gostar de uma pessoa do mesmo sexo e quiser casar, não pode. Qualquer pessoa pode casar, contudo não pode fazê-lo com quem quer, mesmo sem os impedimentos de idades, consaguinidades e essas coisas.

3- Psicologicamente destrutiva? Só se for para a senhora. Se dois homens ou duas mulheres quiserem casar, em que lhes destrói a psique? Será que esse casamento lhe vai tirar alguns dos seus direitos? Em que aspecto lhe pode afectar esse casamento? O que tem a perder com a legalização dessa união? Aqui quem sofre é o tipo de pessoa hipócrita e que parou no tempo já há muito (requisitos cumulativos). Oriente-se senhora!

4- Minoria com representatividade duvidosa? AHAHAH. Segundo as estatísticas publicadas num semanário que até tenho em boa conta, 10% da população portuguesa faz parte dessa “minoria com representatividade duvidosa” de que a senhora fala. Falamos de um milhão de pessoas que, em Portugal, sofrem “com a dilaceração e ansiedade de uma sexualidade problemática”. Já vi candidatos a tornarem-se presidentes por menos. Não são “credoras de maior compreensão e afecto”, como defende, mas sim credoras de gozar dos mesmo direitos dos outros nove milhões. Além do mais, os defensores da igualdade de direitos para TODOS não querem impôr nada a ninguém. Querem poder casar e serem-lhe aplicados todos os direitos subjacentes a este contrato - que só trazem vantagens e não prejudicam terceiros – no que diz respeito à herança, dívidas, regime patrimonial ou até direito ao nome.

5- Não é o casamento, Tótó, é a família!

6- Como impedimentos absolutos, o código civil tem em conta a idade e a demência/anomalia psíquica dos contraentes. Estes impedimentos prendem-se com a capacidade do sujeito. Não me parece que o facto de se ser gay diminua a capacidade de alguém. No entanto, a senhora Tótó, mesmo sendo heterossexual(?), sofre claramente de uma diminuição na capacidade.

Assim sendo, só me resta torcer para que a senhora venha a ter um(a) filho(a) gay/lésbica.
Cumprimentos.

P.S. – Citar o Génesis como bibliografia equivale a compará-la, a si Tótó, a Hitler.
P.S.2 – Teté é nome de palhaço. Páre de denegrir os palhaços. Para isso temos o Batatinha, seu rival. Para quem se chama Teté, até lhe respondi com poucas palhaçadas.

2 comentários:

PedromcdPereira disse...

Concordo com grande parte do que escreves, mas a bibliografia que se escolhe tem que ver com o que se quer demonstrar. O Génesis é um bom livro. A intolerância é má independentemente da sua direcção...

Um dos obstáculos à legalização dos casamentos gay, e à aceitação destes por parte da maioria da população, é o extremismo e a intolerância do seus defensores. Nestes assuntos não é bom combater o fogo com fogo.

Anónimo disse...

será que a tótó não é fufa e teve de casar com um homem e agora quer obrigar todos a seguir-lhe os passos???????