Fitas cozidas

Já cheira a queima! E com isso, não há doutor que é doutor que não ande trajado, apesar do sol, que teima em aquecer e fazer ferver a pele debaixo daquela lã negra. É que está na altura de assinar as fitas e não há tempo a perder. Noto que não é só coisa de gaja, eles também gostam do lambe-botismo. Nem é coisa de gente nova. Vejo passar cada vez mais gente de idade avançada em relação à maioria (e falo a partir dos 45 anos). Dão-se ao trabalho (e ao ridículo) de andar trajados que nem pinguins moços e correm de sala em sala para apanhar o maior número de professores possível.
É lindo ver aquela gente toda atrás de professores, que alguns viram uma vez na vida e por acaso, à caça do autógrafo. E eles todos contentes, com aquela sensação de jogador da bola do mais assediado. Lá fazem o favor se assinar e, depois dos três beijos às meninas e dos apertos de mão aos rapazes, os mais dedicados, ainda se dão ao trabalho de perguntar por planos futuros. Claro que aquilo lhes rouba tempo, mas é à jogador da bola...
Ainda pensei em dar-me ao trabalho, mas, para começar, andar de traje não é o meu forte. Além do mais, para que quero eu assinaturas de professores numa fita vermelha? Se desse para vender no e-bay...mas com a quantidade de fitas assinadas, o exclusivo vai de vela. E quem é que iria comprar aquela merda?
Hum...se calhar é daquelas coisas para guardar em casa como recordação das aulas...Não que tenha ido a muitas. E para que quero recordações de professores que me chumbaram e me fizeram marrar horas a fio? Está bem que alguns até são porreiros, mas continuo sem perceber para que quero o raio da fita. Ainda por cima são caras e há que comprar as canetas, e prefiro gastar o dinheiro em minis. Conclusão: que se cozam as fitas!!!