sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

E onde estaciono eu?


A irmã Lúcia morreu há um ano. Meio Portugal veio a Coimbra despedir-se da senhora. A cidade lotou e o pessoal que tem uma vida a sério viu-se à rascas para fazer o que quer que fosse. Os "adeptos" da irmã vieram dar-lhe o último adeus.
Um ano depois, a cena repete-se. As carrinhas da tv multiplicam-se e o espaço na cidade diminui consideravelmente. Não há estacionamentos, os cafés não têm nem uma mesa vaga e há bué pessoal pelas ruas. É o caos. O problema é que se trata de um caos mórbido. O pessoal vem cá, não para dizer adeus, mas para acompanhar a trasladação do corpo. Consiredo o funeral um rito mórbido, mas o acompanhamento de um corpo, que já está em decomposição há um ano, tem já algo de perversidade.
Enfim, no fim-de-semana teremos transmissão em directo do ritual, para todo Portugal ver. E nós, os que não temos tv cabo nem nos interessa os supostos milagres que a irmã lúcia fez, já depois da sua morte e lá para os lados na américa do sul? Com essa programação, até dá vontade de estudar e olha que, em tempo de estudo, qualquer desculpa serve para desviar os olhos do livro. Porém, com a irmá lúcia não funciona.

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