terça-feira, 13 de setembro de 2011

Odeio portagens

Há uns tempos que não andava de expresso.

Compro o bilhete e o Sr. que está do outro lado da placa plástico semi-tranparente do contentor móvel, a que chamam bilheteira, responde, quando lhe pergunto se o expresso é directo, que não, faz muitas curvas e algumas rotundas. Very funny...

O tó carro chega dois minutos depois, e lá vou eu. Os bancos são todos fashion, parece pele ou plástico a imitar. Sento-me à janela. O autocarro arranca e já o gajo sentado à minha frente pede ao condutor para parar porque se esqueceu do telemóvel no wc portátil do contentor a que chamam bilheteira. Siga pa bingo.

Azar do c*r*l*o. Na fila do lado vai uma mãe com um puto de 5 ou 6 anos (nunca acerto nestas coisas da idade). Fala português clarinho mas nota-se que, em tempos, foi brasileiro. E o cabrão não se cala. E se vamos de autocarro, carreira ou espresso. E se porque é de espresso e não é de autocarro, ou carreira. E se a seguir a este expresso vamos apanhar o autocarro, outro espresso ou a carreira. E por que é que vamos outra vez de expresso. Isto, on and on and on...

Segunda paragem. Entram umas velhas que começam a controlar o número dos lugares. Quem é que liga a essa merda? Vão meia dúzia de gatos pingados num autocarro gigantesco e elas a ver os números. Eu nunca encontro os números dos bancos. Conseguem colá-los nos sítios mais estúpidos. Parece um concurso a ver quem os consegue encontrar. Rally-Carreira paper, sem vinho.
E claro, EU estava no lugar de uma delas. E ELA não ia abdicar do seu lugar.

E lá me levanto do banco, que afinal era imitação mas que já estava quentinho e aconchegante o suficiente para dormir uma siesta.

Começa o concurso. Não encontro o raio dos números e pergunto à velha que me pôs a correr dali, onde viu os ditos cujos. Impossíveis de encontrar a olho nu...

Adivinha quem estava no meu lugar??? O puto irritante que ainda não tinha fechado a boca por dois segundos. A mãe ainda disse que se mudava, mas os corredores são cada vez mais estreitos e com tanta mudança a transferência não ia ser um processo fácil. Deixo-a ficar e procuro o lugar mais próximo.

Era ao lado do gajo que perdeu o telemóvel. Lá lhe pergunto se se importa que me sente. Diz que não, mas que vou ter de ir à janela.

Que chaticeeeeeee.... eu já a sentir o torcicolo por adormecer à janela do expresso.

E completa: é que costuma enjoar muito nas viagens e ir do lado da fila suaviza a coisa.
E passa o resto da viagem a bambalear-se no lugar com ar de quem vai ao grego a qualquer minuto.

Lá se foi a siesta...

5 comentários:

Pedro Bala disse...

"Vão meia dúzia de gatos pingados num autocarro gigantesco e elas a ver os números"

Então porque te sentaste ao lado do vomitador implacável?

A Côca disse...

porque a meia dúzia se concentravam na área onde eu estava, o corredor tinha 20 cm de largura e eu com saco de viagem e carteira, porque o autocarro ia em andamento, porque as velhas não me saiam da frente e levaram 10 minutos a instalar-se, porque era o lugar mais perto e na direcção oposta à das velhas e do puto embirrante. Deixei de os ouvir.E só soube que o gajo enjoava quando já estava sentada, à janela. Era só isso?

Porco-Aranha disse...

http://en.wikipedia.org/wiki/First_world_problem

PedromcdPereira disse...

Ahaha! A minha pergunta fê-la o Bala.

A Côca disse...

tá respondida!Que falta de confiança na minha escolha...