As prendas

Tendo já curado a bubadeira do Natal e preparando-me para a de hoje, decidi postar.

Ora, para mim, que gosto pouco de ir à missa e não me sensibilizo com criancinhas a chorar, o Natal é sobre as prendas. Aliás, a maioria dos acontecimentos (qualquer tipo de aniversários incluídos), é sobre prendas.
Nasces e vão logo ver-te carregados de embrulhos. Depois é o batizado, as comunhões, o casamento...Tudo nos entretantos do Natal. Prendas.

E como eu gosto de receber prendas!! Não sou das que dizem que gostam mais de dar do que receber. De facto, receber tem muito mais piada. E não é pela coisa em si, pelo seu valor. É nestes pequenos gestos que se vê quem se interessa e quem não se interessa por ti. Se a pessoa não pode perder cinco minutos para te comprar uns brincos de meio euro na barraca ao fundo da rua, é porque essa pessoa não vale a pena. E não me venham com a desculpa da crise e do dinheiros que eu, estagiária não remunerada, faço questão de gastar minhas parcas poupanças com recuerdos para os meus. Abdico de mim para demonstrar aos outros que me importo. Mas pouco retorno tenho tido.
Também há a desculpa que só se dão as prendas às crianças. Pois bem, dão-se as prendas às crianças porque fica mais barato comprar um brinquedo no Modelo do que dois presentes para os pais, que ficam igualmente felizes por terem menos uma boneca a comprar para a criança( e porque não há nada mais valioso que um sorriso de uma criança...bláblábla, coisa que se resolvia com uma cócegas no sítio certo). De que vale gastar dinheiro com prendas em crianças se depois lhe dizem que é o Pai Natal que dá?? Ando eu a gastar dinheiro para o gordo ficar com os louros??
Mais, eu não tenho crianças. Nem quero. Prefiro os presentes. Mas como não tenho crianças, não tenho direito a presentes. Sendo eu uma pessoa sem crianças, logo mais infeliz (segundo os padrões culturais do globo), não teria mais direito ou mereceria mais uma prendinha para me animar?

Infelizmente nem todos partilham do meu pensamento. Azar. Especialmente o deles, que vão deixar de receber o que quer que seja da minha parte.
Sim, sou interesseira e a partir de agora só dou a quem me dá.
É a Côca do 2010.