quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Coleccionando II



É triste mas é verdade: eu e super mário partilhamos da mesma opinião. Há que combater o chico-espertismo. Odeio o típico chico-esperto.

Em primeiro lugar, pela sua aparência odiosa. Se é gajo, não dispensa os óculos, cabelo espetado para dar ar de "cool", mas com mil gel para que nada saia do sítio. Camisinha aprumada, bem passada a ferro, mas fora das calças para parecer mais à moda. Livro debaixo do braço e claro, sapato de vela. Se é gaja veste-se discretamente mal, com cabelo risco ao meio bem colado á cabeça, canetas de todas as cores e sempre com um grande sorriso nos lábios como se cada aula fosse uma benção.

Em dias de paciência, se só disto se tratasse, até era capaz de os suportar.

O pior é que vão a todas as aulas e, quer queira quer não, tenho de gramar com eles. Mas aqui o meu sistema nervoso entra em combustão e a minha ira aumenta exponencialmente. Não basta estarem em todas, como fazem questão de estragar todo o método de dar aulas do professor. Perguntam merdas sem nexo, sobre matérias do próximo semestre. Descarregam matéria para mostrar que lêm os livros, embora o que digam em nada contribui para a aula. Interrompem o professor para dizer que leram no livro do doutor-não-sei-quantos que o que ele diz está certo e fazem questão de despejar palavra por palavra o que leram. Mencionam doutrinas que não interessam nem ao diabo.

A versão feminina, embora mais discreta, é também odiosa. Está sempre à espera que o professor que engane ou se perca na matéria para o poder corrigir micro-segundos depois. O mais irritante: está sempre a abanar a cabeça, para que, no caso de o professor olhar para ela, ele ver que ela está a perceber tudo o que se passa.

Odeio-os. Tiram grandes notas, mas não conseguem ter uma conversa decente. Tudo o que vá para além de livros escolares, professores e suas vidas privadas e meteorologia, é novidade para eles. Chegam ao cúmulo de dizer "oração" em vez de "frase". Odeio-os. Espero que tenham lido aquele artigo do Público que dizia que o pessoal que utiliza um vocabulário mais rebuscado para se exprimir é, por norma, mais burro que o que usa palavras curtas e directas. Esperteza não é sinal de inteligência, e esta última é coisa que o chico-esperto não tem. Gostaria de os poder torturar a todos, um dia destes.

1 comentário:

Sérgio disse...

...isso issooo!